Sensor que mede pressão no cérebro pode ajudar a reverter quadros de demência; hospital SUS utiliza equipamento no RS
10/12/2024
Equipamento foi cedido, sem custos, ao Asilo Padre Cacique e também é usado no monitoramento de pacientes da UTI do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre Saúde em Dia: diagnóstico de demências reversíveis
Um sensor acoplado numa espécie de tiara de borracha vem ajudando neurologistas a diagnosticar casos de demência que podem ser revertidos. A técnica é utilizada em um hospital da rede pública, com atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS), e em um asilo de Porto Alegre (veja detalhes abaixo).
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Preso à cabeça, o equipamento monitora a pressão intracraniana, e envia em tempo real essas medidas, por bluetooth, a um tablet ou smartphone. A partir dessa imagem na tela, é possível descobrir demências reversíveis.
"Esse sensor nos mostra uma curva que reflete a microexpansão do crânio a cada batimento cardíaco. Mesmo que não possamos perceber esse movimento com a mão, o sensor capta essas mínimas variações e nos dá informações valiosas sobre o estado do cérebro", explica Carla Rynkowski, médica intensivista e neurossonologista.
Demência reversível é o nome popular da hidrocefalia de pressão normal, o excesso de líquido no cérebro. O quadro aparece em sintomas como confusão de raciocínio e perda de memória, desequilíbrio ao caminhar e incontinência urinária.
Se detectado logo, a condição pode ser corrigida com mais facilidade, com medicações ou pela drenagem do líquido em cirurgia.
"A gente tem uma estimativa que seria a demência reversível, que ela ocorre mais ou menos em 20% das demências", fala a intensivista.
A tecnologia é minimamente invasiva – substitui a forma mais tradicional, que exige a introdução de um cateter via cirurgia.
Em Porto Alegre, idosas fazem exames com sensor que mede pressão no cérebro
Reprodução/RBS TV
No SUS
O aparelho auxilia no acompanhamento de pessoas com trauma craniano – na UTI do Hospital Cristo Redentor, monitora em torno de 70% dos pacientes. A instituição, que atende a população gratuitamente pelo SUS, é a primeira da rede pública a incorporar o equipamento.
"Por exemplo, um paciente vítima de trauma craniano grave. Nos próximos dias após o trauma, ele pode desenvolver inchaço cerebral. E equipamentos como esse, ajudam a tomar uma conduta, seja ela cirúrgica ou clínica, para minimizar esse inchaço e minimizar o dano ao paciente", afirma Eduardo Eggers Turra, médico responsável pela UTI do hospital.
Via Ministério da Saúde, outras instituições devem ter o aparelho em breve, segundo a desenvolvedora.
"Desde o começo, o projeto foi feito em uma solução muito simples, muito barata, a gente nem vende o sensor, a gente vende o uso do software, para que as pessoas que realmente precisam tenham acesso o mais rápido possível", comenta Carlos Bremer, cofundador da startup Brain4care, criadora da plataforma.
Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
No Asilo Padre Cacique
O Asilo Padre Cacique, na Zona Sul de Porto Alegre, recebeu o aparelho para uma bateria de exames nos seus internos. Uma das moradoras do lar, a aposentada Jane Beatriz Barros Peixoto de Silveira, realizou o teste.
"É bem tranquilo. Eu fiquei visualizando assim uma paisagem tranquila, muita água, flor, e coisas assim para não me preocupar", conta.
Segundo a médica da instituição, Júlia Santana Trombeta, 30% dos idosos apresentaram alterações nos parâmetros de pressão craniana, e terão uma investigação mais minuciosa a partir deste alerta.
"De 5% a 10% das demências são potencialmente reversíveis. Se a gente faz esse diagnóstico, podemos dar os encaminhamentos para o paciente. É um mito dizer que o envelhecimento carrega necessariamente alterações cognitivas. Qualquer alteração cognitiva é patológica, não é esperada e precisa ser, sim, investigada", afirma.
Por meio de inteligência artificial, os médicos podem identificar anomalias que indiquem alterações.
"A cada 20 segundos, a gente manda essa monitorização para um sistema na nuvem, que tem os algoritmos de inteligência artificial. Ele olha e te dá parâmetros se a onda está subindo, descendo ou está normal", explica Carlos Bremer.
Sensor utilizado em pacientes com quadro de demência em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
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